terça-feira, 14 de junho de 2016

Nem sempre o dia é colorido

Hoje acordei pilhada, cheia de energia, mesmo fazendo um enorme frio, ia dizer do cacete mas quis ser educada. O dia prometia ser super produtivo, e estava com milhares de planos na cabeça e queria realizá-los. Mas de uma hora para outra, sem procurar, aqui no meu canto, tudo mudou.

Um comentário no whatsapp no grupo das mães da escola do Léo me trouxe a tona a dor e os tormentos já vividos. Estou trabalhando isso agora e me acalmando escrevendo para vocês, mas a crise me pegou em cheio. Essas crises são pontuais mas quando vem, são muito fortes. Minha psicóloga disse que é normal isso acontecer então não tenham medo kkkk.

Pra começar o enredo vou situá-los.

Ano passado meu excelentíssimo marido, acreditando que ainda tem seus gloriosos 22 anos, volta do treino de basquete com os ligamentos rompidos do joelho direito. Bom, passado todo susto marcamos sua cirurgia para fevereiro deste ano, após nossa viagem programada e tão esperada.

Sua mãe veio da Espanha para me ajudar e tudo mais. Estávamos nós duas então, sentadas numa sala do hospital, aguardando o Carlos sair do Centro Cirúrgico, quando toca meu celular. Isso deveria ser umas 17:00. Minha mãe, coitados da minha mãe e do meu pai, dizia " não se preocupe mas o Léo está indo para o hospital com seu pai pois ele se machucou no judô". Claro, ela não queria me deixar mais nervosa do que eu já estava, e eles passaram maus bocados com tudo isso (o Léo é neto único). Nenhuma ligação da escola para me avisar do que havia acontecido com o Léo. Não me importa que aconteceu no final da aula, perto do horário, da saída, eu DEVERIA ter sido notificada.

O Léo chega, meu Deus, como foi difícil e ainda é lembrar isso, verde de dor sem conseguir se mexer. Foi retirado do carro por um bombeiro do nosso condomínio que acompanhou ele e meu pai até o hospital pois na escola, esta sem a mínima noção de primeiros socorros ou de atenção, o professor o carregou no colo até o carro dizendo que não era NADA mas seria bom passar no médico para dar uma olhadinha. Ah, futuramente o diretor me disse que o Léo não chorava por isso não achavam que era sério e chamar uma ambulância sempre que uma criança faz MANHA era demais...

POR DEUS se uma criança não consegue ficar de pé após um golpe de judô, se meu filho não é escandaloso, se ele não consegue andar, esse é o preparo que a instituição tem em socorrê-lo? Enfim...esse é o nosso querido Brasil, e numa escola particular.

Esse nada foi uma "simples" fratura de fêmur. Desesperada e tentando manter a calma diante do meu filho, pois o médico ao olhar a radiografia disse CIRURGIA. Não precisava ser da área da saúde para ver a gravidade da fratura ao olhar o raio-X.

Tenho que agradecer a esse médico ANJO tantos cuidados e carinho para que meu filho não sentisse mais dor do que já estava. Que delicadeza, esse sim, tem o dom da medicina na alma. Parabéns Dr. por tratar tão bem meu filho.

Eu nem vi o Carlos depois disso, minha amada e querida sogra, que não fala português, me achou no hospital e ficou com o Léo para eu poder fazer a internação. Foram 3 dias de angustia antes da cirurgia pois o meu corajoso baixinho ficou com 2 kg de peso na perna para tracionar, pois o osso estava "encavalado" e tinha que alinhar antes de operar.

Passada a cirurgia, penso eu : "Pronto, acabou!!! Agora vamos para casa, ufaaa."

Engano meu, aí começaram todos os desafios.  Claro, estava aliviada pois a cirurgia foi um sucesso mas vocês já pensaram como é sua casa para receber um cadeirante ? Aposto que ninguém compra uma casa avaliando isso, a não ser que a busque com este propósito.

E os medos de uma criança se movimentar após um trauma doloroso ? E enfiar duas cadeiras de rodas em casa, uma para tomar banho e ir ao banheiro e outra para sair, descer apenas 3 degraus com uma cadeira de rodas pois em minha casa a área íntima é interligada a social por uma escada. Ah e o acesso a minha casa que é feito por um jardim com uma pequena inclinação, tive que construir um acesso para cadeira de rodas... Esse pequenos detalhes com um cadeirante mudam totalmente sua rotina. E era médico e fisio toda hora. Tenho que agradecer também a equipe de bombeiros aqui do condomínio pois eles me ajudaram muito afinal o Carlos tinha sido operado e não podia.

Enfim agora que me acalmei, consigo lembrar das visitas dos amigos da escola aqui. Que alegria quando apareciam para preencher o tempo do Leo. Foram muitas demonstrações de carinho, cartas, mensagens de whats, visitas da família durante a semana...Isso nos alegrou muito. Obrigada a todos vocês que vieram nos ver!!!!

Tenho a cadeira da Alessandra Ventura até hoje em casa, que me emprestou para a segunda fase dos banhos do Leo e ainda não devolvi... kkk vou devolver um dia Ale kkk quem sabe kkk

Minha tia, Vânia, veio de São Paulo especialmente passar uma tarde conosco e minha ex sogra, a nona do Léo, trouxe vários mimos para ele também.

Meus pais e minha sogra nem digo nada. Foram tudo me ajudando de todas as formas com a casa e com o Carlos para que eu pudesse me dedicar integralmente ao Léo. O Carlos, mesmo em recuperação, sempre foi um paizão estimulando e incentivando o Léo da forma que podia e conseguia.

E como nossa família é grande, especial mesmo de tanto amor, o Claudio, pai do Léo, a Lúcia, segunda mãe do Léo e o Vittorio, irmãozinho do Léo, sempre presentes aqui conosco dando a maior força. A segunda cadeira de rodas que o Claudio trouxe de São Paulo foi a sensação kkk toda colorida.

E agora, nesse exato momento, tenho o meu coração repleto de gratidão. Tenho um filho maravilhoso, corajoso, forte e lindo pois superamos mais uma etapa. E tive muito suporte, muito amor de muita gente querida.

Obrigada Senhor !!!!



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