A República Bananeira
Escutando que foi decretado
estado de calamidade no Rio e as polêmicas que giram ao redor deste assunto,
pensei em escrever sobre as cidades sede dos Jogos Olímpicos.
Acho ótimo o esporte na vida
das pessoas, admiro alguns dos profissionais desta área tão difícil no Brasil,
exceto alguns “astros” do futebol que não tem noção da influência que tem na
vida das crianças. É muita grana rolando nesta máfia que, com certeza, daria
outro post.
Mas meu questionamento agora
é sobre as Olimpíadas. Quais os resultados dela nas cidades sede? Que premissas
e ou critérios deveriam existir para que elas acontecessem? Apenas ser uma sede?
O planejamento deveria ser inteligente, com olhos ao futuro e não pontual
deixando um rombo na economia.
Atlanta se deu muito bem por
não ter que pagar débitos, não foi para o buraco como, por exemplo, Montreal em
1976, que ficou pagando a conta até poucos anos atrás.
Barcelona é uma cidade com grandes museus, pintxos
de dar água na boca, muitas atrações turísticas mesmo. Deixando para trás
muitas cidades europeias, como Madri, Londres e Paris. Nas Olimpíadas de 1992,
pôde mostrar isso ao mundo, se tornando o quarto destino turístico da Europa.
Em Londres, nos jogos de 2012, o
leste da cidade foi a região que mais se desenvolveu, principalmente a área de
Stratford. A antiga região industrial teve dois milhões de toneladas de terras
descontaminadas e milhares de árvores plantadas.
Logo após os Jogos, com a
inauguração de parques públicos, o número de cidadãos que praticavam esportes
toda semana aumentou em 1,4 milhão. Por outro lado, no último ano, o número de
pessoas que não praticam nenhum esporte subiu em 1,2 milhão, e 391 mil pararam
de praticar natação, devido ao aumento no preço do ingresso nas piscinas
públicas – o que põe em questão o legado "inspirador" prometido
durante os Jogos e aclamado por alguns três anos depois.
O
Parque Olímpico Rainha Elizabeth, que engloba o velódromo Lee Valley VeloPark e
o Centro Aquático de Londres, é considerado por alguns um "elefante
branco". Além disso, o fato de se ter gasto cerca de 13 bilhões de dólares
do dinheiro público na construção do parque ainda inflama discussões na
sociedade até hoje.
Os
Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008 anunciaram uma "nova China",
moderna e tecnológica. Cinco novas linhas de metrô foram inauguradas em Pequim,
e uma lei que reduzia a circulação de carros pela metade acabou promulgada. Nos
anos seguintes, no entanto, o crescimento da cidade agravou os congestionamentos
já existentes, enquanto problemas sociais e de poluição continuaram estagnados.
Projetado
pelos arquitetos Herzog e de Meuron, o Estádio Nacional de Pequim, mais
conhecido como Ninho de Pássaro, custou cerca de 430 milhões de dólares. Hoje,
sedia de dois a três jogos por ano. Já o Centro Aquático Nacional de Pequim,
conhecido como Cubo d'Água, custou 550 milhões de dólares e só é lembrado
devido ao parque aquático construído em seu interior.
Estima-se
que serão necessários cerca de 30 anos para que todos os gastos do evento –
aproximadamente 32 bilhões de dólares, o orçamento mais caro da história dos
Jogos Olímpicos – se paguem. Em 2022, a capital chinesa sediará os Jogos
Olímpicos de Inverno.
A
segunda edição dos Jogos modernos na Grécia, em Atenas, contou com grandes
investimentos em infraestrutura urbana. Novas estradas, ampliação do transporte
público, obras urbanísticas e um novo aeroporto foram alguns dos projetos que
saíram do papel.
A
maior aposta do comitê, porém, foi a construção do Complexo Olímpico Helliniko,
com cinco estádios. Onze anos depois, o local acumula "elefantes
brancos", como o ginásio de tênis de mesa e ginástica, que está à venda, e
os estádios de volleyball de praia e softball, abandonados. O plano de
transformar Helliniko em um parque metropolitano nunca foi efetivado.
Segundo
o governo grego, os Jogos custaram 8,5 bilhões de euros aos cofres públicos – o
dobro do orçamento original. Por outro lado, a indústria do turismo cresceu
consideravelmente desde então. Em 2014, 24,2 milhões de turistas visitaram o
país, mais que o dobro dos 11,7 milhões registrados em 2004.
A
primeira Olimpíada do novo milênio colocou a metrópole australiana
definitivamente na rota dos grandes eventos esportivos internacionais. O legado
possibilitou à Austrália sediar outros eventos, como a Copa do Mundo de Rugby,
em 2008, e o World Masters Game, em 2009.
Hoje,
o Estádio Olímpico recebe cerca de 45 eventos por ano. Só em 2011, a vila
olímpica local sediou 6 mil eventos e recebeu 12 milhões de pessoas. Depois dos
Jogos de 2000, o parque esportivo se tornou um bairro residencial e comercial,
com um fluxo de 12 mil pessoas, o que acabou por revitalizar um subúrbio de
Sydney. O plano, contudo, só saiu do papel em 2005.
Foi
também a primeira Olimpíada que contou com um plano de sustentabilidade
efetivo, levando em conta o impacto ambiental. O legado trouxe o maior parque
metropolitano da Austrália, com 430 hectares, e estabeleceu o primeiro sistema
de reciclagem de água no país.
Financeiramente,
porém, a história foi diferente. Segundo dados da Universidade de Melbourne, os
Jogos de 2000 deixaram os cofres australianos com um rombo líquido de 2,1
bilhões de dólares.
E no Rio 2016?
Será que deveríamos ter sido
palco de uma Copa e dos Jogos Olímpicos? Com nossa educação e saúde, nosso
estado caótico de sobrevivência, com nossa economia falida, com gente sem
moradia... Quais as nossas prioridades de investimento? Afinal a grana do governo
é nossa, pessoal, vem da arrecadação de impostos. É nosso dinheiro sendo
utilizado. Não vou detalhar aqui, os resultados da Copa, mas posso fazer um
levantamento e comprovar que os estádios criados e reformados, não conseguem fechar
as contas. O investimento foi alto demais. PONTO FINAL, sem vírgula.
Estocolmo, na Suécia,
decidiu acabar de vez com a possibilidade de ser sede nos Jogos Olímpicos de
Inverno de 2022. Os argumentos? A cidade tem prioridades mais importantes, a
conta para organizar os jogos seria alta demais e um eventual prejuízo teria
que ser coberto com dinheiro público. “Não posso recomendar à Assembleia
Municipal que dê prioridades a realização de um evento olímpico, se temos outras
necessidades na cidade, como por exemplo, a construção de mais moradias”,
declarou o prefeito. Bato palmas para esse cara !!!!
Deveríamos ter como
inspiração as atitudes suecas e nos basear em modelos de sucesso e aplicá-los
por aqui.
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