terça-feira, 5 de julho de 2016

El Sobrino del Botin




Um entorno privilegiado: a Madri dos Áustrias



Por volta de 1562, o rei Felipe II ordena o traslado da corte para a cidade de Madri. A Vila agradava mais que Toledo ou Valladolid ao jovem rei e a sua esposa, Isabel de Valois. As razões desta preferência eram, sobretudo, de índole prática: Madri estava no centro, equidistante dos extremos peninsulares; sua água era boa e seu clima agradável e são.

A chegada da corte previu um crescimento urbanístico espetacular da cidade e também um pouco caótico. Para controlar precisamente o caos se criou a chamada Junta de Polícia e Ornamento, que era presidida pelo arquiteto Francisco de Mora, conselheiro de Juan de Herrera durante a construção do Monastério Escorial. Esta junta se encarregou de alinhar as fachadas, suprimir desníveis abruptos e eliminar saliências.


Depois da morte de Felipe II, Madri seguiu crescendo, apesar de seu sucessor Felipe III ter trasladado temporariamente a corte para Valladolid. Estamos cientes da existência do edifício que hoje abriga Botin justamente nessa época, concretamente em 1590, quando seu proprietário solicitou o “Privilegio de isenção de hospedes”, cujo documento consta na acreditação. Este imposto era pago pelos proprietários de imóveis com mais de um pavimento que não desejavam abrigar membros do Cortejo Real que chegavam a Madri e não se hospedavam nem no Palácio nem nas casas dos nobres.


Em 1606 a corte volta a Madri e em 1620, com a reforma feita na Plaza Mayor, antiga Plaza del Arrabal, a zona se converte em principal enclave comercial da cidade: sapateiros, curtidores, cuteleiros, ferreiros, de fato, as ruas da zona se adotaram o nome dos ofícios em que nelas se exerciam: Ribera de Curtidores, Plaza de Herradores, e como não, Calle Cuchilleros.

E em uma destas ruas, um cozinheiro francês, chamado Jean Botin estabelece seu
negócio junto de sua esposa, de origem austríaca, com a intenção de trabalhar para 
algum nobre da corte dos Áustria. Em 1725, um sobrinho da esposa de Botin abriu 
uma pequena pousada na Calle Cuchilleros e realizou uma reforma no térreo do 
edifício fechando as arcadas existentes. A data desta obra foi gravada em uma 
pedra na entrada. 





Nesta mesma data também é o forno de lenha da Casa, que até hoje segue atraindo os comensais com seus tentadores odores.






É curioso que até o século XVII não se permitia vender nas casas nem carne nem vinho nem outras viandas pois se considerava uma intromissão que prejudicava outras guildas. (Associações de pessoas qualificadas para trabalhar numa determinada função, que se uniam em corporações, a fim de se defenderem e de negociarem de forma mais eficiente)

Desta maneira, somente se podia vender o que o hospede trazia para ser cozinhado. Daqui nasce a lenda de que “nas pousadas espanholas só se encontrava o que trazia o viajante”.

Como uma anedota referida a esta época cabe dizer que o Livro dos Recordes, na sua edição de 1987, afirma que um adolescente Goya, por volta de 1765, trabalhou com lavador de pratos no Botin. Nesta mesma edição se designa o Botin como o restaurante mais antigo do mundo.

Já no século XIX se reforma novamente o térreo: se constrói o friso de madeira policromada com folha de ouro na entrada, assim como as esquadrias da janela, o balcão de confeitaria, onde vendiam vários tipos de doces: pestiños, bartolillos, suizos e glorias de crema. Nesta mesma época, Botin se considerava uma “casa de comidas” porque o termo “restaurante” somente se utilizavam alguns estabelecimentos, poucos e exclusivos, que desejavam se igualar aos locais parisienses.

A família González e o espírito de Botín

Com a chegada do século XX, Botin chega as mãos de seus atuais proprietários: a família González. Neste momento, só a entrada e o primeiro andar estavam dedicados ao restaurante; a bodega era utilizada como armazém e o segundo e terceiro andar se destinavam a moradia familiar. Quando Amparo Martin e seu marido, Emilio González, tomaram as rédeas do negócio, Botin era apenas uma pequena empresa familiar com apenas sete empregados, entre eles, o casal e seus três filhos.

O começo da Guerra Civil veio a dar de encontro com as ilusões da família de fazer prosperar seu pequeno negócio. Amparo e seus filhos se foram a uma cidadezinha de Castellón, Segorbe, e Emilio ficou para continuar atendendo o local, que foi convertido em um refeitório para a milícia.

Finalizado o conflito e depois da terrível guerra, os filhos varões do matrimônio, Antonio e José, se colocaram a frente do negócio e pouco a pouco o converteram no que é hoje.


Atualmente o restaurante conta com quatro andares que conservam o ambiente da antiga pousada, um dos seus principais encantos. Situado em plena Madri dos Áustrias, Botin se encontra em um local privilegiado e se esforça continuamente para que a Casa não altere seu aspecto original. As sucessivas reformas e ampliações, para atender a crescente demanda de clientes, sempre foram feitas sem alterar o aspecto característico do edifício.




Claro que a aparência não é tudo, um ótimo serviço de atendimento e uma cozinha e gênero excelentes fazem o resto. A especialidade do Botin é a cozinha castelhana e mais precisamente os assados de cordeiro e cochinillo, pequeno leitão, com procedência do triângulo mágico destas carnes: Sepúlveda-Aranda-Riaza. Pouco a pouco e lentamente os cordeiros e cochinillos vão dourando ao calor do velho forno, alimentado com lenha de azinheira. Essas são as estrelas da casa, mas o menu oferece muitos outros pratos requintados: a merluza de pincho, linguado fresco, mexilhão ao molho e muito mais.

Chipirones en su tinta






Cochinillo




Almejas con salsa especial 





Morcilla frita








O negócio segue na terceira geração González e se esforçam para continuar por mais 300 anos.


Localização do Botin



A localização é estupenda para os turistas pois depois de um passeio pelas principais atrações do centro de Madri, dar uma parada para comer por ali, é o que se tem de melhor.

Na verdade, o difícil é escolher onde comer os aperitivos pois são inúmeras opções para bocadillos e tapas, que sempre gosto de fazer antes de ir a um restaurante em Madri.

Geralmente vou ao mercado San Miguel, quando não está muito cheio.





A Plaza Mayor, o Palácio Real, a Plaza Oriente, a Porta do Sol, são alguns dos pontos obrigatórios do entorno do Botin.




E claro, não podia faltar minha família aqui, desfrutando de um almoço gostoso, e minha visita ao Arco dos Cuchilleros.




Hasta la próxima viaje !!!!

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